É inegável o esforço do prefeito Tião Bocalom nos últimos meses para demonstrar alguma empatia junto à população de Rio Branco, seja por atos administrativos que revelam sua “generosidade”, ou por gestos comportamentais como abraçar criancinhas, beijar idosos, ensaiar passos desajeitados de samba no carnaval, etc.
Mas nada disso muda a percepção dos Riobranquenses sobre quem é Tião Bocalom, ainda que ele esteja fazendo uma gestão razoável. A popularidade dele segue em baixa desde que assumiu o mandato de prefeito da capital, com algumas poucas exceções em segmentos da população que foram diretamente beneficiados com alguma medida da gestão dele.
Nesse contexto, politicamente, o tempo está contra o prefeito. Ano que vem tem eleições municipais, e se ele for candidato à reeleição lhe resta pouco mais de um ano para reverter essa baixa popularidade, tarefa quase impossível considerando as ferramentas que possui para isso no momento.
Em que pese ele estar usando milhões em verba de mídia, o que inclusive motivou uma investigação em andamento do Ministério Público sobre os gastos com publicidade, a gestão Bocalom não “decola”.
A pouco mais de um ano da próxima campanha eleitoral, há sinais inclusive dele próprio de que já percebeu, mesmo que tardiamente, que o barco está “fazendo água”. Não por acaso Bocalom já ventilou pela imprensa a possibilidade de fazer mudanças no primeiro escalão da gestão.
Ao chutar o principal cabo eleitoral que o ajudou a se eleger, o senador Ségio Petecão (PSD), e criar hostilidade desnecessária contra a vice prefeita Mafisa Galvão, que é esposa do senador, Bocalom revela que seu maior defeito ainda é a arrogância.
Somando-se a isso a narrativa perigosa criada por sua comunicação institucional de que tem “um bilhão” em caixa para gastar, enquanto ruas estão destruídas por toda a cidade e vários serviços públicos municipais deixando a desejar, conclui-se claramente que, politicamente, seu projeto de reeleição caminha célere rumo ao fracasso.
A política é dinâmica, isso é fato, e embora seja uma possibilidade remota as coisas ainda podem para mudar para ele até o ano que vem. Se isso acontecer será um daqueles desdobramentos inéditos da política, onde o improvável surge diante de nossos olhos.
A depender de seus possíveis adversários, que hoje detém mais popularidade até do que ele próprio mesmo estando no poder, Bocalom tem uma espécie de missão impossível pela frente. A história prova que quando o povo não quer mais um político, nada pode mudar esse quadro, nem que o dito cujo apareça “pintado de ouro”.